5 PONTOS DE UMA NOVA ARQUITECTURA "DE LE CORBUSIER"
- Leonel Tomás
- 21 de ago. de 2016
- 4 min de leitura
QUE SÃO OS 5 PONTOS DE UMA NOVA ARQUITECTURA DE LE CORBUSIER? DESCUBRA COMO APLICÁ-LOS NA ARQUITECTURA CONTEMPORÂNEA.
O QUE SÃO OS 5 PONTOS DE UMA NOVA ARQUITECTURA DE LE CORBUSIER? DESCUBRA COMO APLICÁ-LOS NA ARQUITECTURA CONTEMPORÂNEA

Foto: Scarlett Green.
Se você é estudante de arquitectura já deve ter ouvido falar algumas vezes de Charles-Edouard Jeanneret, Carinhosamente, digo, popularmente, conhecido como Le Corbusier. Também é bem provável que já tenha ouvido falar da importância que ele teve para a arquitectura moderna – e contemporânea – e de seus cinco pontos para uma nova arquitectura.
Caso nunca tenha ouvido falar nem do arquitecto e nem dos 5 pontos não tem problema, durante as postagens desta semana vamos falar bastante sobre estes assuntos. Caso você já tenha ouvido falar tanto do Corbu quanto de seus 5 pontos também, fique ligado, pois vamos postar projectos que mostram como reinterpretar os ensinamentos de Le Corbusier de uma maneira contemporânea e pertinente a nosso contexto atual.
A Villa Savoye, concluída em 1928, se caracteriza por apresentar na prática todos os 5 pontos defendidos por Le Corbusier, portanto vamos utilizá-la para explicar um por um antes de passar para as aplicações contemporâneas deles.
1. Planta Livre
A planta livre é um dos pontos defendidos pelo arquiteto franco-suiço cuja aplicação contemporânea é mais fácil de identificar no nosso dia-a-dia. A planta livre nada mais que a separação que a desvinculação entre estrutura e paredes divisórias. Isso faz com que possamos arranjar da maneira como quisermos os espaços internos de um edifício sem que haja dano a sua estabilidade – em outras palavras, sem que ele desabe.
Na imagem do interior da sala de estar da Villa Savoye é possível visualizar a aplicação deste primeiro ponto claramente: perceba como as colunas de sustentação – pilares – se encontram destacados e independentes das paredes. Se o ambiente da forma como se encontra dividido precisasse ser alterado para atender uma nova função, seria muito fácil simplesmente demolir ou colocar novas divisórias ali sem que houvesse prejuízo estrutural.

Foto: End User.
2. Fachada Livre
A fachada livre é uma consequência direta da planta livre: uma vez que as paredes estão desvinculadas da estrutura, é possível fazer arranjos como se bem entender nelas sem que haja prejuízo estrutural para o edifício. Isso inclui também as paredes da fachada, que podem ser trabalhadas da maneira que o arquiteto julgar necessário e sem que haja dependência de sua “compatibilização” com a estrutura.
A imagem acima da Villa Savoye mostra bem o conceito de fachada livre, com aberturas e rasgos sendo feitos na fachada sem que a estrutura seja levada em conta. Evidentemente a estrutura ainda existe e acaba aparecendo, mas o ponto é que isso não impediu o arquiteto de trabalhar a fachada da forma como quis. A fachada livre resulta em um dos outros princípios de Le Corbusier, que será abordado a seguir.

Foto: August Fischer.
3. Janela em Fita
Uma vez que a fachada dos edifícios deve ser livre e independente da estrutura, é possível que sejam feitas janelas e portas em formatos que até a época da Villa Savoye eram pouco usuais. É nesse contexto que entra as janelas em fita defendidas como um dos pontos da nova arquitetura de Le Corbusier.
Na imagem acima observamos claramente que a estrutura da Villa Savoye se encontra destacada em relação à fachada e, consequentemente, à janela. No projeto, a adoção da janela em fita tem como principal justificativa enquadrar as vistas do entorno, de maneira a emoldurar as bonitas paisagens. Podemos perceber esse efeito na imagem onde as copas das árvores vizinhas praticamente viram uma pintura decorando a parede interna.
Le Corbusier dizia que a utilização de janelas em fita também seria benéfica na medida que diminuiria a ornamentação desnecessária nas fachadas externas, uma característica marcante do modernismo.

Foto: Leon.
4. Terraço Jardim
O terraço jardim nasce de um questionamento do arquiteto com relação a forma com que as coberturas dos edifícios são utilizadas: ao invés de se perder uma área que poderia servir a alguma função instalando-se um telhado inclinado e que as pessoas não podem permanecer em cima, Le Corbusier propôs que as coberturas deveriam ser na realidade terraços com jardins, áreas de lazer, de permanência e de convívio social – ou o que mais o arquiteto pudesse imaginar. Assim, elas teriam uma função a mais do que a simples proteção do edifício em relação à condições climáticas meteorológicas.
Na Villa Savoye, Corbu aplicou esse conceito definindo um espaço de lazer e introspecção acessível no terraço. Uma vez que a região metropolitana de Paris onde a residência se encontra pode ficar bem fria e com muitos ventos em algumas épocas, o arquiteto teve que instalar algumas paredes em partes do terraço para proteger os usuários e tornar o espaço utilizável por mais dias ao longo do ano.

Foto: Leon.
5. Pilotis
A principal função dos pilotis imaginada por Le Corbusier era de deixar áreas juntas ao nível térreo de um projeto permeáveis visualmente e fisicamente. Isso significa que as pessoas poderiam passar por baixo de um edifício livremente, sem que este representasse uma barreira física para o ir e vir delas. Além disso, as pessoas seriam capaz de ver através dos edifícios, tendo uma sensação maior de segurança.
Mesmo a Villa Savoye não estando localizada em um contexto urbano, onde a segurança e livre fluxo dos pedestres fosse algo importante, Corbu optou por definir algumas áreas de pilotis no projeto. Neste caso específico, os pilotis acabam tendo uma função muito mais relacionada a permitir a permeabilidade visual no nível térreo, definir um espaço de garagem coberto e fornecer um espaço de chegada protegido junto às portas de acesso para os habitantes.

Foto: Thimothy Brown.
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